segunda-feira, 21 de maio de 2018

Meio

Pela manhã era sossego
Nos dias dos possíveis fins
O trabalho era ligeiro
Sendo apenas um de mins
Uma zona no atoleiro
Período posto à termo
Sabendo que cada dia
Era um dia inteiro

Parece tolice
Todavia, a engraçadisse sumiu
Não por deixar de sorrir-se
Mas pelo excesso que consumiu
Ter a vista para o paraíso
Sentado no couro do mundo
Com um olho no peixe
E o outro no vagabundo

quinta-feira, 15 de março de 2018

Mari L.

Preta e favelada
Lutadora por direitos coletivos
Que por ora metralhada
Tem "política" por motivo

Outra que se vai por tantas
Pelo legado de prosseguir na luta
Outra rosa no cemitério das plantas
Onde a vida digna é só o que se busca

Não se prende quem se manda
A lã dos lobos soltos
compra o sol de quem lhe encanta
Ao bem da alcateia dos poucos

Espraiam-se como eco infernal
Na casa dos cidadãos de bem
A fala de ódio vista como normal
Tornando-se bandidos também

Cria, a semente que plantou germina!
Os girassóis avistam a direção
Os heróis já cruzaram a esquina
De braços dados, ou não

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Jus Mythos

Com o advindo virtual
Leva-se ao centro do facejúri
Uma decisão de Tribunal
Irrecorrível, imperiosa
Não se ouve mais o real

Entrar pras estatísticas de pódio
Dos mais novos empregos:
Fiscal de ânus e Promotor de ódio
Vive-se mais de outros
Meios para fins sórdidos

Arraiga-se o saber de descrença
De esperar por conciência
Do ser que sequer pensa
E que requer maior paciência
Pelo futuro da esperança

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Take it rise

A crise como oportunidade
Uma desculpa simples de retomada
Elaborada para querer o cedido
Sem contar para quem
Numa TV sintonizada
E cenário escondido

Uma crise para cada um
Em sua indevida proporção
Sobre os pobres, mais carga
Sobre os ricos, não
Um beijo que sempre amarga
A velha marca da traição

Decompositor

Da ressaca dos festivais
Aos tapas do dia a dia
Uma aprovação sumária
Do que se auto decidira

Abre-se mão do formal
Lança-a sobre a forma
O mofo do ranço germina
Em questões de segundos

Seguido de um encegamento
à la verme - dilacerador
Pondo de pronto em xeque
letra e melodia do compositor

E lá se vai a banda

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

De primeira

Os tempos áureos na memória
Imperecem em sua história
Repetem-se em breves loopings
E novamente se repetem
Antropofagicamente

Lembranças de falas indubitáveis
Passeatas, pedaladas e cavalgadas
Todo o trajeto à vitória
Direções e coordenadas
Da força ante o social

Entoa coro de felicidade
Segura a barra quando ninguém
Por vezes sem discernir
Pulsa-lhe a essência firme
Vão-se os dedos, ficam os anéis

Os tempos áureos na memória
Imperecem em sua história
Repetem-se em breves loopings
E novamente se repetem
Antropofagicamente

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O quinto

Vamos lá, minha gente
É só isso mesmo?
Diariamente o mesmo roteiro
Só de ouvir, dói a cabeça
O corpo sente, a alma corrói

Afinal, é isso que faz gente
Repetir-se di-a-ri-a-men-te
O mesmo sono
A certa hora de sorrir
Por-se demais, destoa

O dono da banca não perdoa
Vende pregos para cruzes
Anuncia a venda como boa
Expondo seus corpos escravos
Pregados e estirados

E o melhor, produto fretado
Em pé, para melhor acomodá-lo
Tudo pensado à base de satisfação
Ninguém sai insatisfeito deste balcão
A mercadoria serve, sendo latente

Então é isso, minha gente!
Algum dia alguém, não se sabe quem
Reinventará remédios aos doentes
Um afago na embalagem
Uma esmola aos carentes