quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Gangorra

Não sabem o que leem
Ora sim, ora não, ora às vezes
Embora salva a alma
O medo lhe prega à madeira,
sobe a ladeira, come o dobrado
Ecoa o viver em pecado

Furtam-lhes o óbvio
Lentes de contato nos olhos
O absurdo se torna melhor
Estranheza do normal é pior
Enterrados vivos a esperar

Suprimido em dias
Comprimido em noites
O corpo não o cabe
O fingir que não sabe
é quem traz o conforto

Confrontar a existência
Tolerar consequências
Afagar a dor de não ser
E querer ter o que não é
Pior... O que não pode ser.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Nós

Se não houve um dia de pé
Restaram todos os que não
Finaliza em soro, injeção

Madrugadas em bloco
Alvoradas sem foco
Apesar do barulho
Minha paz à dois

O ano começa
E o amor continua
O mundo estremesse
E o porto segura

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Cabra-cega

Uma barra, um código de barras
Em que pese mais conhecimento
Pese e lhe põe ao solo
Abaixo da linha da pobreza

Vestida de progresso está a ordem
O lendário lobo em pele de lã
Calando-os com borrachinhas de dinheiro

Eis que são em poucos
Assim como ter é ser
Sendo que em não se tendo
Basta sobreviver

Como brincar de vivo-morto
Vivo-morto-morto-morto!

Não se dimensionam
Nem se entregam ao penar
Sorriso de ordem o move
Comove, contém, repulsa

Morto-morto-morto-vivo!