quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Jus Mythos

Com o advindo virtual
Leva-se ao centro do facejúri
Uma decisão de Tribunal
Irrecorrível, imperiosa
Não se ouve mais o real

Entrar pras estatísticas de pódio
Dos mais novos empregos:
Fiscal de ânus e Promotor de ódio
Vive-se mais de outros
Meios para fins sórdidos

Arraiga-se o saber de descrença
De esperar por conciência
Do ser que sequer pensa
E que requer maior paciência
Pelo futuro da esperança

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Take it rise

A crise como oportunidade
Uma desculpa simples de retomada
Elaborada para querer o cedido
Sem contar para quem
Numa TV sintonizada
E cenário escondido

Uma crise para cada um
Em sua indevida proporção
Sobre os pobres, mais carga
Sobre os ricos, não
Um beijo que sempre amarga
A velha marca da traição

Decompositor

Da ressaca dos festivais
Aos tapas do dia a dia
Uma aprovação sumária
Do que se auto decidira

Abre-se mão do formal
Lança-a sobre a forma
O mofo do ranço germina
Em questões de segundos

Seguido de um encegamento
à la verme - dilacerador
Pondo de pronto em xeque
letra e melodia do compositor

E lá se vai a banda

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

De primeira

Os tempos áureos na memória
Imperecem em sua história
Repetem-se em breves loopings
E novamente se repetem
Antropofagicamente

Lembranças de falas indubitáveis
Passeatas, pedaladas e cavalgadas
Todo o trajeto à vitória
Direções e coordenadas
Da força ante o social

Entoa coro de felicidade
Segura a barra quando ninguém
Por vezes sem discernir
Pulsa-lhe a essência firme
Vão-se os dedos, ficam os anéis

Os tempos áureos na memória
Imperecem em sua história
Repetem-se em breves loopings
E novamente se repetem
Antropofagicamente

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O quinto

Vamos lá, minha gente
É só isso mesmo?
Diariamente o mesmo roteiro
Só de ouvir, dói a cabeça
O corpo sente, a alma corrói

Afinal, é isso que faz gente
Repetir-se di-a-ri-a-men-te
O mesmo sono
A certa hora de sorrir
Por-se demais, destoa

O dono da banca não perdoa
Vende pregos para cruzes
Anuncia a venda como boa
Expondo seus corpos escravos
Pregados e estirados

E o melhor, produto fretado
Em pé, para melhor acomodá-lo
Tudo pensado à base de satisfação
Ninguém sai insatisfeito deste balcão
A mercadoria serve, sendo latente

Então é isso, minha gente!
Algum dia alguém, não se sabe quem
Reinventará remédios aos doentes
Um afago na embalagem
Uma esmola aos carentes

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Reverse

A vida crua aqui é indigna
A ficha cai com o fim da inocência
Cercados pelos sentidos de dor e ódio
Consumidos pela influência, por pódio

Quando no peito não há tiro
Há medalha de sorte no mérito
Há derrota da morte pra sobrevida
Não estira, apenas existira

Chapéu se tira pra quem vê
Na vida a glória de ensaiar viver
Torcer o simples e colher o pouco
O pouco que ainda preenche sufoco

É a beleza localizada na mente
Doentes as de alguns indigentes
E fortuna boa ao humildes de essência
Garantidora da longevidade e vivência

terça-feira, 25 de julho de 2017

A priori

Nem sido fácil tem
Um furo no sapato do descalço
Sono leve de pavio curto
Um grito para derrubar os muros
Buracos no colchão são refúgios
Umas bagagens na bolsa velha
Camisa sem primeira casa
Uma lista de futuros urgentes:
saúde, paz e amor.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Frente Fria

Os dedos no teclado cotidiano
Olhos em palavras de terceiros
Rangidos entre dentes no quarto
A mão no cabelo enrolado

Um radar para multar o calendário
ou um buraco de dedão no sapato
Sem paradas despreparadas
Divórcio da essência e o palpável

Simplifica a capacidade da paz
a pouco mais de seis metros quadrados
Cercada pelas paredes do silêncio
A alma deita e se esquenta

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Amarela

Andando pelo campo verde
Sentindo cheiro de espaço
A distância entre mim e ninguém
Margem circular ao rodar os braços

Olhando para o próprio flerte
Recaído sobre o teu encanto
Encontrar-te dentro do uno
Notícia dada em envelopes e laços

Entretanto risco, embora ter-te
É alimento da vida, brasa viva
Faz-se vício, face ao tempo
Movimenta frente e entoa passos

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Una mas

Como sair do celeiro
De sua zona de conforto
Arcos, aros e maracatus
Samba do Rio de Janeiro
Curtido desde o aeroporto
Amigos de sorrisos nus

É desdobrar o papel de mundo
Percorrer outros ares
Fotografias em nova realidade
Línguas dobradas em segundos
Artesanais, carnes e mares
Uma volta que aguarde

No centro da história
Tranquilidade referencia
Bons Vivants espalhados
O verde da vitória
Nos dedos diferencia
Animais bravos dos mansos

O aroma da melhor colônia
Em notas de mar e guitarra
Retorno entre antigo e moderno
Suspiro gravado na memória
Bagagens de volta pra casa
Passagem daqui pro eterno

terça-feira, 11 de abril de 2017

Conexão

Anos de labor
Ofício de segunda a segunda
Banaliza o sabor
Inexplica a pergunta

Padrões e porões na memória
Rascunhos à limpo
Pessoas e glórias
Dividindo caminhos

Outras bagagens e passagens
Novos destinos
Decolagens

Lembranças e saudades
Voos domésticos
Aterrissagem

segunda-feira, 20 de março de 2017

Porta 7

Se por ruelas o samba se esvai
Estão nos blocos, os caminhos do centro
O som da baqueta na pele
Reverberando pelas paredes antigas,
Sacudindo as estruturas em rede,
E, por vezes, causador de intrigas

Se sambar fosse fácil,
o salto percorreria mais um metro
Descalço, o sol sobre o asfalto
Ditando a impulsão do solado
Rodopiando-se por vento certo
Esbarrando no tolo e no esperto

Uma carona de catraia à vapor
Em navegação marolada
Como Cabral a caminho das Índias
Último enredo antes do final
Andar na calçada e furar o sinal
Vê-se a pedra e a curva

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Deslimitarizar

Uma manada sem calma
Urrando o que se manda
Marchando sob a flâmula
Aponta a direção futura
Expõe a ferida e o sangue
Esconde-se a fratura

O que lhe convêm, enaltece
Desconhece a história
Logo, de onde vem
Visualizando apenas a glória
Segue desfilando Hollywood
Não descansa quando anoitece

No claro do dia se projeta
O medo espalhado no escuro
Poeira criada como escudo
Restando apenas que se proteja
De suas próprias patas
E do ódio que das mãos goteja

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Ultrapassagem

O trapaceiro, mentiroso
Não perdura no real
Ilusão criada pra si
Sem base, tudo pelo ar
Articulações precárias
Soluções arbitrárias

Suicida sua moral
Pra que no final
Tenha um vira-latas
Que lamba seus sapatos
Envernizados em lama
A troco de farrapos

Rejeita nos outros
O que não pode ser
Vomitando risadas
Sem ter do que rir
Longe do chão
Mas perto da queda

Pode atrapalhar
Parar, jamais!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

FPS 30

Feridas visitadas
De portas atadas
Selando o remendo
Indo casa por casa

Prosa jogada na cozinha
Mesa posta
O sujo foi para área
Lavado e batido à mão

Quarando estão ao sol
O de verão é ágil
Seca, mas não torce
E se bobear, queima

Passa-se um lado,
Amarrota-se o outro
E haja vapor
pra afastar o calor

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Bonan Novjaron

Querem de ti
O que não podem ser
Dependentes do que és para tanto
Não, já não causa espanto
Sentenças batidas
Convertendo-se em verdades

É como antigamente
Assumia-se a mão
De poucos anéis
Hoje são mãos dentro do bolso
Pra não dizer ao alto
Tomando a moral de assalto

Na consulta do crédito
O nome negativado
Leva pra longe o circuito
Fechando-se em curto
O que fora conduzido
Mas nem sempre manipulado