Pra se provar a culpa
Não precisa levantar muita coisa
É só deixar o culpado falar
Se lhe cabe a culpa
A razão cede às desculpas
desconexas, lançadas ao ar
O tolo está mais preocupado
com o retruco da conversa
do que em dar razão ao se pensar
São frases saindo pela culatra
Em defesa de sua pseudocontraposição
Preferindo a formalidade da ignorância
ao desconforto da militância, pura opção
Fala-se em um leão por dia
Vê-se que leão é a sombra de um gato
Escaldado, arrepiado de medo
Virando a próxima esquina
O pior é que sabe disso tudo
Do quão sórdido conteúdo
Que por si só o faz dormir
Com uma pedra no travesseiro
Que lhe pesa a consciência
Dorme o sono de um zumbi.