terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Abstrato concreto

É aqui, lá, ali, acolá.
Não precisa de lugar inteiro
Meias cenas, flashs de pensamentos
Qualquer ameaça de movimento
Basta tão pouco pra ser tanto

A estranha ligação sem rótulo
Com definição de poucas letras
De nuances sufocantes
Explicáveis momentos inexplicáveis
Em cartaz diariamente, inédito

Nenhuma situação diferencia
Uma força maior, incondicional
Aponta aonde está o elo
Não adianta fechar os olhos
Não se vê do lado de fora

O diagnóstico é claro
É o único caso do mundo

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Em obras

Opa!
Onde está o próximo piso?
Sua medida, seu peso, sua intensidade.
Cheguei a ver, vislumbrar
Já ia pisar.
Olhei pra baixo e... Cadê?
Presentes só os já passados

Outro dia, outro piso, outro passo
Duas vidas, uma vida
Só ou não
Ida.

domingo, 15 de novembro de 2009

Inter nação

Não se via o que se lê agora
Um sentido ficou de fora
Um sentido só ouvia o resmungo coletivo
Era só parar e ver aquele papel de parede
Contendo tudo o que há no universo
Só tinha aquilo. Imenso, imponente!

Era tudo o que não se vê todo dia
Todos tiveram a oportunidade
Era o tempo de não ver as coisas daqui
Pena que só viveram seus mundinhos
Seguem buscando por mais
Incapazes de enchergar um palmo a frente.

Gotagota

É como a terra que está sob a beira de um telhado
Por mais insistente que seja a goteira
Uma hora o impacto dos pingos não causam mais erosão
São todos absorvidos pela poça que se forma ali
Porém, esporadicamente, vem a enchurrada
E leva aquela água e também parte do terreno
Trazendo água e terra nova.
Tudo novo, de novo.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Porte

Armada
Com o coração em punhos
Municiado do que se sente

Pus as mãos para cima
Disparou em mim uma rajada
Atingindo-me do que se sente

Saquei meu coração
Disparei toda a munição
Projéteis do que se sente

Mãos que antes para o alto
Agora seguram em abraço forte
Sentindo o mesmo que se sente

Alojadas em pontos vitais
Outros tentam cirurgia
Medicina não retira o que se sente

Nem explica como dois seres
Unem-se com um coração
É amor puro o que se sente

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Pra amanhã ser.

Hoje já não quero mais sentir
Ao contrário dos demais dias
Quero perder

Não quero voltar
Nem avançar
Permaneço

Sem nostalgia
Sem atropelos
Sem saber

Quero perder!
Em melodia
Em silêncio

Abster da razão
Guardar a emoção
Preservo

Só quero perder o que senti
Ganhar o amanhã
E isso fica pro amanhecer

Novo.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Chega!
O dia de ontem acabou há dez minutos.
A eternidade acabou. Agora.
Ponto a ponto, pingo a pingo.
A corda veloz e insustentável que queima a mão
Foge ao alcance, mesmo que se grite
Ninguém lhe escuta porque é interior
A melodia de sua voz, a letra de sua boca
Indo aos poucos bocejando o ensaio do desencontro
O sarcasmo final dizia a mensagem incompreendida
Da crueldade já sendo concebida
Droga! Necessária fuga real.
Só resta esperar o levantar do dia
Pra alimentar novamente toda a esperança
Pra pelo menos te ver
Quiçá a tocar, pra não parecer querer muito
Perto dessa noite invejosa

domingo, 15 de março de 2009

Vento oeste

Vem do sul a chuva
Do oeste a espera
Queria apenas uma curva
Alguma noite de eu-e-ela

Uma viração
Que do oeste assoprasse o vento
Devolvendo a canção
Ou parte de um dengo

Mas tenho numa noite muda
O silêncio de um penar
Só parede que escuta
Versos de em ti pensar

Sentir no peito
A falta de teu cheiro
De deitar aonde deito
E sobrar travesseiro

Se assim é
Deito no sono
Pra ao menos vê-la até
Que acorde de meus sonhos

quarta-feira, 11 de março de 2009

Amargo

Mas se sente
Vai da importância
Homem, mulher, amigo, parente
Que por insistência
Negam onde são

Encena ver tanta gente passar
Dá pena saber que nem estão
De suas vidas têm medo de gastar
Oitenta anos a mais, menos viverão
Ou tentam ao menos sem mais

Aí é tarde
Perdeu-se a manhã dos sinais
De calor de sol que arde
Acorda amanhã o mesmo dos demais
O mesmo, outro dia

Ignorando acontecimentos
Daquela mesma cara que sorria
A cada dia acontece menos
Anoitecer torna mais fria
Tempos que se vão

Engana a si e finge a outrem
Sem ao menos previsão
Das mesmas coisas futuras
Que passadas se repetirão
Agora.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Aviso: Cuidado!

Um aviso eletrônico
Com cores gritantes
Piscava em tom irônico
Anunciava o quanto antes

Todos os devidos cuidados
Todos aqueles que nunca possuí
E nem estão planejados
Não passam perto daqui

Só ver na coragem
A única oportunidade
De conseguir a passagem
Pra deixar a saudade

Até amanhã, sem medo.

domingo, 1 de março de 2009

Hortelã Tutti-frut

Não se sabe mais quando
E nem por onde
Em qual canto
O desejo se esconde

E sem saber
Se sabe
Que o bem querer
Se cabe

Beijo no cheiro
Mordida no beijo

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Sob o mesmo céu

Do olhar perdido
Uma estrela cadente
O recado entendido
O pedido incidente
Hoje veio a sorte
De ter um amanhã já desejado
No estar de seu cangote
Quando a noite acordado
Nesses dias corridos
Umas noites acompanhado
Outro beijo no sorriso
Que'é pro desejo ser selado
Mas se não for, fores
No olhar se leva a imagem
De movimentos e cores
Mantendo viva, a paisagem
O aroma de flores
Mas se for, voltar
Seja bem-vinda
Também tem seu lar
À vontade se faz linda
Aqui sempre em paz
É a tristeza que se finda
É o bem que se trás
E se distante
Em outra cidade
Vem a força irradiante
Nos bons ventos da saudade.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Carpe Diem

Gosto da praia de dia
Lá passo a manhã
A tarde e a noite
Na maior mordomia

E quando em casa
Já quase dormia
Da morena vem o beijo
Nessa boca que sorria
...