terça-feira, 21 de outubro de 2008

À deriva

O mar revolto não me enjoa
Mas já vejo portos, alguns seguros
Não posso controlar o vento
As cordas estão em minhas mãos
Posso ancorar, recolher velas, atracar

Mas em deriva vou de um lado a outro
Preso ao porto barco não tem balanço próprio
As correntezas me levam a outros mares
Ondas, altas e baixas.
Às vezes só nas altas ou baixas.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Santa sujeira

Pelas ruas, o vento tenta limpar papéis santos
De homens decaídos
De ideologias vendidas
Cristãos comunistas, democratas fascistas
Todas de mãos dadas, diretas e esquerdas no centro
Coligação em um só partido
Numa escala hierárquica pra ser repartido
Não dividido

Comprando os mesmos necessitados
Que tiveram o dinheiro roubado
Papéis principais, coadjuvantes, figurantes, ignorantes,...
Todos trabalham na cena
Depois da gravação é só repetir o mesmo filme
Homens impotentes, fingindo ter autonomia suficiente
Dançando conforme a música cíclica oligárquica
Não há mais teo, nem antropo
Apenas Moneycentrismo

Não há nem o divino e nem o humano
Uma corrida alucinada contra o tempo
Pra ser um ter, sem ter tempo pra ser
Todos marcando a mesma passada,
Uma marcha, um líder, um cifrão.
Se os fins justificam os meios
Ser humano é destruir o meio para obter o fim
Alastra-se a selva de pedra
Daqui vejo o vento que soprará todos os santos, santinhos e santões.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Então, até a próxima estação.

Alimentou-se de bons frutos, descansou
Despertou com o vento frio
Mesmo sem direção
A flor que na primavera desabrochou
Sentindo o calor no sol, do próximo verão
Encontrando a luz que resplandece amor
Num canto ouve-se o som
Da respiração ofegante, da voz ronronante
Debaixo do lençol da cama nua
Transpira ação, trançando, unindo versos
Em um corpo só, acompanhado de duas almas cruas
Que resplandecerão e trarão novos frutos
Pra recomeçar o novo ciclo, inconstante
De estações pouco definidas.
As vezes distantes, mas sempre unidas.
Amor atemporal em almas de luz.