domingo, 17 de novembro de 2013

Galo

O gole preso no gargalo
Quando perco a voz
É quando melhor me calo

Quando num trago
Num frago se trá-lo
Um peito em prensa
A gota que não compensa

Um fim em ralo.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Língua de sogra

Pra se provar a culpa
Não precisa levantar muita coisa
É só deixar o culpado falar

Se lhe cabe a culpa
A razão cede às desculpas
desconexas, lançadas ao ar

O tolo está mais preocupado
com o retruco da conversa
do que em dar razão ao se pensar

São frases saindo pela culatra
Em defesa de sua pseudocontraposição
Preferindo a formalidade da ignorância
ao desconforto da militância, pura opção

Fala-se em um leão por dia
Vê-se que leão é a sombra de um gato
Escaldado, arrepiado de medo
Virando a próxima esquina

O pior é que sabe disso tudo
Do quão sórdido conteúdo
Que por si só o faz dormir
Com uma pedra no travesseiro

Que lhe pesa a consciência
Dorme o sono de um zumbi.