segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Condução

Sobre o tempo anda em baixa
Sobrevive numa caixa
Baixa, desproporcional

Matérias e matérias mastigadas
Cuspidas em cima de plugues
Talvez o que salvasse do real

Seja quanto o desespero
Mulatas, gols e enredo
O afago ao virtual

Sobre as marquises, sonho
O que lhe dê a vida
Entre as viseiras, sono
Passaporte de ida

Naufrágio dos quatro elementos
Emparedados no cimento
Nos enquadros do legal

Liberdade na lei do mais forte
Em que nem sempre é contar com a sorte
Trilhadas por vil mortal

Submundo do cão
Todos do mesmo saco de ração
Exceção de consciência visceral

domingo, 20 de janeiro de 2013

(onda)intervalo(onda)

Mais chuvas de verão
Daquelas de efeito ciranda
Do mormaço à pancada
Onde se está, por onde anda

Como em gangorra
Quanto maior o impulso,
maior o salto, e,
o fim está nas mãos, ou não

Mas sempre um fim.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Aqui-se

A incondicionalidade é o norte
Nem sempre estamos tão próximos
Esse é efeito da vida
O: "aqui se faz, aqui se vive"

Entre boas e más venturas
Desfaz e também segura
As lições que lhe tiram
As que tiram de lição

A não-plenitude não inviabiliza
Assim como nem tudo é razão
No peito de cada, um coração
Arrancando todos os porquês

Ora responde, ora resposta
Amor não vive só de paz
Seria o silêncio de bonança
É o melhor a fazer à outrem

O maior e melhor possível.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Mães ao alto!

Essa lua de meio dia
Esse sol da meia noite

Dia de Maria
Noite de açoite

O que se recebe em vida
O que sobrevive dela

O ator em frente ao público
Pastor por trás do púlpito

A cruz e a espada
Feito navalha na carne

Dar o sangue em sacrifício
Pacto de paz de espírito

O tão pouco preenche
A limitação lhes mantém

Promessas ao horizonte
Venda nos olhos e pé na estrada

Bolso vazio.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Penteffino

Como pá de cal
O vento leva a areia de perto da praia
pra longe do mar

O que seria de nós
se não fossem as ondas
A lavar e renovar grãos

O m a r lava, o a r leva, a ter r a suja!

Vai ver é disso
E se bobear é isso
Só cortando os elásticos teimosos

Soprar para longe
E respirar novos ares
Abrir bem a mão do sufoco

Viver com os próximos
Simples.