terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Confraternal

O peso do mundo
é o peso da gente
É o músculo que puxa
com o peso da mente

Todo ponto de luz
potencializa uma sombra
Se nem tudo que seduz
se escolhe ou se compra

O moderno não comporta
qualquer mero estado
Faz fronteira com passado
Tem por reta o adiante

Brinde de um 12 anos
em copo de refrigerante
Pelo que é e estamos
Bela golada perseverante

domingo, 11 de dezembro de 2016

Descaminho

São as ditas pelas malditas
Impronunciáveis a bel-prazer
As primeiras letras da frase
denotam toda a desfala

O pré-crédito custoso
Descrédito imediato
Uma velocidade idiota
entre o cérebro e a boca

Um cheque em branco
pro diabo.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Cicerone

Os olhos são as janelas abertas
Que quando não piscam
Trazem pra dentro de casa
A vida que há lá fora

O velho com o neto, Dona e cão
Rajadas de motores quentes
A faixa, o semáforo, o guarda
Tem dia que sim, não tem o que não

Os olhos caminham de volta
Disparam olhares intermitentes
Até o pôr do fim da tarde
Solado duro em calçadas quentes

É bem ali, logo ali onde moro
Logo onde fecho os olhos
e as cortinas da vida
Caminho de volta da ida

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Ano quatro

Haviam mais goles naquela dose
Tantos, falas moles de gelo
Tontos, próximos ao golpe

Quatro surdos de samba
Estremeciam a estrutura

Banquete de angu e couve

O despertar do embrulho
É onda do mar que se ouve

Mais doses pra'queles goles
Baldes de gelo derretem no verão
Águas amenizam, mas não evitam

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Teu tamanho

Sente-se o que é
E também o quanto,
E o tanto,
E até aonde leva

O que faz desejar
estar sempre. Ser
É seu ser convencendo
Sem querer, querendo
O meu a ficar

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Me dá um Dó

A chuva miúda que limpa os olhos
São gotas que aumentam e invertem a imagem
O que se escorre é humano, físico, racional
Empoça-se o apreço, o sentir, o bem-querer

Um passo a frente da humanidade
Num passo adentro o enorme coração
Atos falhos não superam a incondicionalidade
A boca é enchida dos melhores elogios

Chamariz de boas vibrações
O mundo trará aos pés
a recompensa de tudo que és
Identificada em sintonia fina

Ser resposta é impossível, o tempo s-o-l-e-t-r-a
Qualquer movimento mais rápido é atropelo
O plano dos bichos está salvo nas nuvens
Compactado, sem perder a extensão

É ter na mente.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Pomar

Como um bom filho
De raízes do amor
Uma árvore frondosa
De que se alimentam as famílias

Sombra para os melhores dias
Abrigo pros piores
Desenho esculpido em casca
Sorrisos espalhados em dias
Muitos dias, sintonias

Os pássaros são encarregados
Os ventos que se alinhavam
Espalharam o bem das flores
Semearam brotos do amor

Dos porquês, só amanhã
E o amanhã sempre melhor
Nada se ceifou, nem tirou
Estamos na mesma luz
Estamos nas nossas vidas

Sem esperar, nem desacreditar:
O mundo é um moinho

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Síncope

Se te pores a dizeres de tudo
Entre línguas e ouvidos do mundo
Certa hora ganharás o chão

Esgrimam-se os atletas do fundo
Eis que nunca seriam meio,
espetáculo ou chave de grupo
Para ponto de evolução

A preguiça de seres profundos
Empobrece-te os ensejos alheios
Traz pra si companhia de que nens
Que nem sempre vão
E que nem sempre ficam

sábado, 28 de maio de 2016

Supremo Tribunal de Vida

Nada se entende

São cacos de vida colados e lançados
Caros, não de preço
Cobrados em breve momento
E quando contínuos,
rompem o elo da realidade

É a tendência de julgar raso,
sem toga
No conforto da preguiça
Pensamentos e sentimentos
atrofiados pela urgência

Não que todos devam
ser peritos de tudo
Mas que, cientes do que são
Admitam suas limitações

Pessoas não são pra sempre
Nem tampouco as mesmas
Cuidar bem 
Exaltar só bons adjetivos

terça-feira, 10 de maio de 2016

Segunde-se

Já faz muito tempo
Que há poucos dias
Tinha mais de anos
Muito mais que anos
Que se encontrava

Quase teve um nunca
Vez em quando, quando
Pense o quanto como
Já nem sei sem canto
Se nem sempre somos

Mas se quase mudo
Vira e volta mundo
Sem embora fora
Sempre ora junto
Muito embora surdo


Beba água, durma sujo
Sua alma, seu escudo

terça-feira, 22 de março de 2016

Panaceia

Se te mostras discretamente
Terás atenção de quem vê
o que não disposto em destaque

Estes enxergarão a fundo
E provavelmente se apaixonarão
pela realidade que lhe encube
E não pelo que desejariam ver

Quem não vê tais grandezas
E insiste na amostra do aparente,
em cada centavo terá o troco

Reconhecerão sua casca
Que de tempos em tempos cai
num processo exposto e doloroso
Requer alto custo na vida

Aceitar-se para o aceite.