terça-feira, 25 de março de 2014

Tiração

Tirei minha primeira folga
E fui trabalhar
Tirei minha segunda
Indo estudar
Tirei a terceira folga
Pra tentar dormir

Daí fiquei exausto
Cheio de grana
E não quis mais tirá-las

Assim, tirei o trabalho
E não produzi
Tirei-me os estudos
E emburreci
Dos sonos tirados
Colori as olheiras

Daí fiquei com a liberdade
Cheio de pobreza
E resolvi não tirar mais nada

Agora acrescento medidas razoáveis
de 'cada coisa no seu lugar'
E corro da falta e do excesso
Sempre acompanhado de perto
pelo 'sem tirar, nem por'
Deixando estar errado ou certo

Sem início, nem fim
Apenas meio.

quarta-feira, 19 de março de 2014

CoLapso

O absurdo é possível
Condicionado ao vulnerável
Dispensando-se o crítico

Ah, não! Desse, não!
Do crítico não precisamos
Precisamos de uma mão
Bradavam, escondidos

Há cinquenta anos
Trocou-se a ameaça por ditadura
Numa desculpa importada

A cortina linha-dura
Fez do vermelho, sangue
Do branco, do negro
Dos corpos e das almas

Cruz e espada de um só lado
Ultrapassaram o passado
Vivas em desculpas esfarrapadas

E a rédia vai no povo
Dinheiro vai pro bolso
Na bolsa, o ópio
No fundo a vida do pobre

O absurdo é possível.