No meio da roda, uma pedra
Ninguém dá a mínima
Pois, no meio, não impede o giro
Mas nem sempre o giro circula
Muitas vezes passam por cima
Noutras chutam, arremessam-a
Não percebem, mas repetem tal mantra
Capaz de anular os sentidos
Trocam de lado, giram em outro sentido
E nem assim, se dão conta das feridas
Nem assim, se dão conta do que fazem,
do que falam, e do porquê giram
Têm horas que o suor da mão escorrega
e todos caem para trás, sinergicamente
Então quando abrem-se os olhos
O que se vê são marcas
Os que chutaram, têm pés esfolados
Os que arremessaram, mãos esfoladas
Os que nada fizeram, agora sangram
Devido aos ponta-pés e arremessos daqueles
De forma surpreendente, observam-se
E um novo mantra se compõe:
A culpa é da pedra!
Sim, foi ela quem causou tamanho estrago
Quem impediu o giro perfeito
Quem interrompeu o uníssono mantra
Rapidamente, posicionam-se longe da pedra
Curativam suas chagas, vedam-se olhos e ouvidos
Retoma-se o sentido, o giro, o mantra
A roda regira, cheia de orgulho
Muita disposição, muito suor
E novamente, chão!
Novamente a pedra! A culpa!
O giro e o ciclo se repetem
Nascendo ou morrendo
Passam a vida apontando a culpada
Até que os dedos das mão lhes faltem
Até que sejam acometidos pelo silêncio
Em que as pálpebras se abrem, finalmente,
Sendo visto a quantidade de pedras
Não mais as mesmas, mas pedras
As que toparam antes, já não se encontravam
Pois foram lançadas para outro lado
Mas a roda percebe que apesar de poucas
As pedras eram suficiente para atrapalhá-los
As pedras circundadas ali
Foram lançadas, odiosamente,
Por eles mesmos, anteriormente
E por outras rodas impiedosas.
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